quinta-feira, 26 de julho de 2012

“O QUE A IGREJA NÃO PODE DEIXAR DE SER”


Por: Um Servo e Ministro Edmilson Santos

No livro Um Amigo em Necessidade, Selwyn Hughes afirma: “Estou convencido que ajudar as pessoas com os seus problemas não é só trabalho de pastores e conselheiros treinados, mas é o trabalho de todo o cristão, sem ter em conta o nível de sua vida cristã”. Obviamente algumas pessoas têm problemas profundos que precisam ser enviadas a um profissional qualificado como um psicólogo ou até mesmo um psiquiatra; entretanto, para grande número de pessoas ao nosso redor, um ministério de aconselhamento é uma possibilidade e uma necessidade, e pode vir a ser uma grande benção, pois o ideal de Jesus é que cada ser humano possa desfrutar de uma vida abundante (Jo 10.10).

I. UMA COMUNIDADE QUE SE PREOCUPA COM O SER HUMANO

Uma das ênfases do ensino de Jesus dizia respeito ao valor e dignidade da pessoa humana. Nos Evangelhos, o ser humano não é visto como uma coisa, mas como alguém criado por Deus, dotado de vida corpórea e espiritual, e que foi criado para viver numa situação de dignidade diante de Deus e diante do próximo. A própria noção da dignidade do homem repousa no fato de ter sido ele criado à imagem e semelhança de Deus. O ser humano tem um imenso valor para Deus. No mundo secularizado e materialista em que vivemos, onde as coisas são amadas e as pessoas são usadas, é necessário ressaltar que a Igreja cristã pode desempenhar um papel resgatador e construtivo.
Como ressaltei numa lição anterior, de acordo com Jesus, o ser humano tem o seu valor acima das posses materiais ou das estruturas religiosas e sociais Falando acerca do cuidado de Deus por cada ser humano: "Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais vaIeis vós do que muitos passarinhos. (...) Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!" (Lc 12.7,24). Quando astuciosamente testado pelos fariseus quanto à cura no dia de sábado, Jesus declarou o valor do ser humano acima das tradições religiosas: "(...) e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos  sábados? E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-Ia? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados" (Mt 12.10-12).
Mesmo aqueles que eram considerados social e moralmente degradados encontravam nas palavras de Jesus a oportunidade sempre presente de recuperação de sua dignidade diante de Deus e diante dos homens. Havia em Jesus uma receptividade que atraía os desfavorecidos dentre a sociedade judaica: "Ora, estando Jesus a mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam" (Mc 2.15; cf Lc 15.1,2).
Ora, se nosso Senhor valorizou e se importou tanto com o ser humano, qual deve ser o papel da Igreja em geral e de cada cristão em particular com relação à preocupação com os que sofrem? Obviamente, a única resposta possível é que a Igreja deve sensibilizar-se com a dor, o sofrimento e a dúvida do próximo. A esse respeito Selwyn Hughes afirma: “Um dos propósitos mais sublimes do Corpo de Cristo é ajudar as pessoas com os seus problemas”. Os cristãos são repetidamente instruídos a demonstrar o amor através do seu comportamento (...). A Igreja Cristã conhece mais sobre este assunto do que qualquer outra entidade na sociedade secular dos nossos dias, mas é lamentável o fracasso, de séculos, da religião ao tentar por a doutrina em prática. Se o amor de Deus fluísse através de nós como devia e tocasse nos outros, então os resultados seriam avassaladores".

II. UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA

Uma das funções da Igreja é ser uma comunidade onde as pessoas sejam acolhidas, tratadas, curadas e se tornem prontas para ajudarem outras pessoas feridas. Barnabé é um dos nomes mais expressivos no NT quanto ao compromisso com a missão de encorajamento, consolo e cura (Cf. At 9.26,27; 15.36-39). Alguém já disse que nós somos o único exército que abandona os seus feridos. Talvez isso seja uma verdade vivida por muitos nas igrejas,que neste momento sentem se magoados, aflitos, feridos, decepcionados, incompreendidos, frustrados, confusos, vencidos, etc. e que não estão  encontrando na sua igreja a dimensão da terapia espiritual e emocional.
A igreja, enquanto comunidade terapêutica, precisa entender que ninguém está isento de conflitos interiores, sofrimento emocional ou crises devido a problemas e adversidades. A Igreja necessita ser a encarnação da solidariedade e amor de Jesus, levando ao mundo a Sua proposta de paz: "Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33).
A igreja precisa despertar para o fato de que muitos de nós diante de problemas e dificuldades nos esquecemos de que Deus nos ama; e Ele nos ama apesar do que somos. O Senhor pode tomar em suas mãos vidas derrotadas e estragadas e com o seu toque restaurador, transformá-Ias em vidas que o honrem e que exalem a sua alegria.
Quantos em nossas igrejas estão derrotados, vencidos pelo pecado, fracos e frios. Portanto, a igreja precisa fazer todo o possível para que os que sofrem saibam que o Senhor os ama e quer fazer deles um "vaso novo" para a sua honra, restaurando as suas vidas.

 CONCLUSÃO


Gary Collins, no livro Aconselhamento Cristão, afirma que "a fim de ajudar as pessoas, o aconselhamento busca estimular o desenvolvimento da personalidade; ajudar os indivíduos a enfrentarem mais eficazmente os problemas da vida, os conflitos íntimos e as emoções prejudiciais; prover o encorajamento e orientação para aqueles que tenham perdido alguém ente querido ou estejam sofrendo uma decepção; e para assistir às pessoas cujo padrão de vida lhes cause frustração e infelicidade”. Cada igreja deveria ser uma comunidade de cura emocional. Se não o estamos sendo, que possamos ainda hoje caminhar nesta direção e que em cada igreja Deus levante conselheiros capazes.

  • O que você tem sido como igreja?
  • Como você tem tratado o teu próximo?
  • As pessoas quando vão até você, se sentem aliviados emocionalmente ou saem mais doentes?
  • O que você tem deixado de ser como igreja?


Pense nisso e fique na paz!

Em Cristo,
Edmilson Santos