Pastores costumam ser pessoas
solitárias, por vocação. Conheço muitos pastores que têm amigos de verdade, e, no
entanto, têm forte tendência à solidão! A maior parte deles vive se
remoendo, enquanto luta com seus problemas interiores, sem poder encontrar um
amigo de confiança com o qual desabafar. Não podem conversar sobre seus
problemas e conflitos com os membros da igreja; e sequer com os demais
obreiros. Desabafam com Deus, enquanto derramam o coração em lágrimas em seus
momentos de solidão. Pastores sofrem com a solidão. Ainda
que acompanhados de tanta gente e cercados de colegas ministeriais vivem sós.
Geralmente os obreiros que os cercam não o fazem como amigos ou companheiros –
aplaudem e elogiam em busca de cargos ou privilégios. Raramente encontra-se um
amigo que viva o compromisso de ajudar o líder, a ponto de admoestá-lo com
amor.
Por outro lado, o líder em evidência se põe perante os demais colegas
ministeriais como gente de esfera superior, que não precisa
da ajuda de ninguém,
como super-homem, intocável, impecável – isto mesmo, no sentido de que nunca
peca – inviolável e que sabe superar seus problemas. Perante seus amigos e
colegas tem uma imagem colorida de sucesso e poder – mas tais pastores são
pessoas, fracas, e esquecem que o poder de viver
integralmente a vida cristã reside na
dependência de Deus e na força de seus amigos.
Talvez
agora mesmo você está lendo este estudo e gostaria de ter um amigo para
conversar sobre sexo, dificuldades
com a esposa, tentações, finanças, problemas
pessoais, mas sofrem, temendo o colega
infiel. Imaginam que podem ser traídos e prejudicados.
Na
falta de confessores, os pastores digladiam-se internamente com seus traumas e
pecados. Esquecem que a confissão traz alivio à tensão, desabafa sentimentos,
cura e traz paz interior. A confissão e as lágrimas ajudam o pastor a sentir
que é humano, ao mesmo tempo em que é espiritual.
As Escrituras não escondem as
fraquezas e as tentações dos homens de Deus, até dos mais íntimos de Jeová. Noé, Abraão, Moisés, Davi, Elias e demais homens de Deus tiveram seus
momentos de fraqueza, e alguns deles são vistos em momentos de depressão, e
quando o escritor aos hebreus deles se utiliza para falar da fé, não menciona,
em momento algum suas fraquezas, mas a fé e a perseverança que lhes levou a
obter o galardão.
Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do
poder seja de Deus e não de nós (2 Co 4.7).
Meu
colega pastor deixe-me dizer uma coisa:
A glória de Deus somente opera em vasos imperfeitos. E nossa imperfeição está
ali, apontando para nós, dizendo-nos que precisamos de Deus, sempre! Deus deixa certas falhas nos seus filhos para que
aprendam a depender exclusivamente dele. A glória e a graça de Deus vêm sobre
nós escondendo nossas fraquezas. Assim como os pés dos querubins eram
pés de bezerro, na descrição de Ezequiel – feios – mas brilham com a glória de
Deus, nosso caminhar é santificado por sua glória.
Somos como o
Mefibosete da Bíblia. Este neto de Saul, aleijado de ambos os pés;
este filho de Jônatas é agora trazido para a casa de Davi e com ele come à
mesa. Mas era aleijado! No entanto,
suas pernas não eram vistas, ficavam encobertas sob as toalhas da mesa do rei!
(2 Sm 9). Somos imperfeitos no nosso caminhar – temos pés que não condizem com
a natureza de glória, estes, no entanto, têm suas imperfeições cobertas com o
brilho da glória de Deus!
Em Cristo,
Edmilson Santos
Autor - João A. de Souza filho
Autor - João A. de Souza filho