Você pode voltar para casa
No início do
século XX, o romancista Thomas Wolfe escreveu um clássico literário, You Can’t
Go Home Again [Você não Pode Voltar para Casa], sobre um homem que deixa sua
família de origem humilde no sul, vai para Nova York, faz sucesso como
escritor, e depois procura retornar às suas raízes. Não foi uma transição
fácil; daí o título do livro.
4.
Na história do filho pródigo, quem é que faz a longa viagem para buscar a
reconciliação? Compare com a parábola da ovelha perdida e da moeda perdida.
Qual é a diferença importante? Lc
15:4-10
Talvez nas duas
outras parábolas, os objetos perdidos nem mesmo soubessem que estavam perdidos
(no caso da moeda, certamente), e não poderiam voltar, mesmo que tentassem. No
caso do filho pródigo, ele se afastou da “verdade”, por assim dizer, e somente
depois que se encontrava nas trevas (Jo
11:9, 10) percebeu quão perdido estava. Ao longo da história da salvação,
Deus teve que lidar com os que, tendo luz, propositadamente se afastaram dessa
luz e seguiram seu próprio caminho. A boa notícia dessa parábola é que, no caso
dessas pessoas, mesmo as que viraram as costas para Deus, mesmo depois de ter
conhecido Sua bondade e amor, o Senhor ainda estava disposto a restaurá-las à
posição que tiveram antes, em Sua família da aliança. Porém, assim como o jovem
escolheu sair de casa por sua própria livre vontade, ele teve que escolher
voltar, por sua própria livre vontade. Conosco funciona da mesma forma.
O que é igualmente
interessante sobre essas parábolas é o contexto em que foram ditas. Leia Lucas
15:1, 2. Observe as diferentes pessoas que estavam ouvindo o que Jesus
dizia. Que mensagem poderosa deveria ser para nós o fato de que, em vez de
apresentar advertências sobre eventos apocalípticos do tempo do fim ou sobre
juízo e condenação sobre os impenitentes, Jesus falou por parábolas, mostrando
o intenso amor e cuidado do Pai por todos os perdidos, independentemente do que
os levou a essa condição.
Você conhece
pessoas que se afastaram de Deus? Que esperança você pode tirar dessa história
de que nem tudo está perdido? Qual é a importância da oração pelos que ainda
não aprenderam a lição que o filho pródigo aprendeu de forma tão dolorosa?
A melhor roupa
Como vimos,
o próprio filho teve que tomar a decisão de retornar. Não houve coação da parte
do pai. Deus não força ninguém a obedecer. Se Ele não forçou Satanás a obedecer
no Céu, nem Adão e Eva a obedecer no Éden, por que o faria então, muito tempo
depois que as consequências da desobediência causaram estragos sobre a
humanidade? (Rm
5:12-21).
5.
Como o pai reagiu à confissão do filho? Quanta penitência, quantas obras e
quantas ações de restituição foram exigidas dele antes que o pai o aceitasse?
Qual é a mensagem para nós? Lc
15:20-24; Jr
31:17-20
O filho confessou
ao pai, mas, lendo o texto, você pode ter a impressão de que o pai quase não
ouviu. Perceba a ordem: o pai correu ao encontro do filho, lançou-se sobre ele
e o beijou. Claro, a confissão foi bonita, e provavelmente fez mais bem ao
filho do que ao pai, mas naquele momento as ações do filho falavam mais alto
que suas palavras.
O pai, também,
ordenou aos empregados que trouxessem “a melhor roupa” e a colocassem sobre o
filho. A palavra grega traduzida como “melhor”, nesse texto, vem de protos, que
significa muitas vezes “primeiro” ou “principal”. O pai estava lhe dando o
melhor que tinha para oferecer.
Pense também no
contexto: o filho tinha vivido na pobreza não se sabe por quanto tempo.
Provavelmente ele não tenha ido para casa vestido com as melhores roupas (para
não dizer outra coisa!). Afinal, ele havia alimentado porcos até então. O
contraste, sem dúvida, entre o que ele estava usando quando foi abraçado pelo
pai (note, também, que o pai não esperou até que ele estivesse limpo para
abraçá-lo) e o manto que foi colocado sobre ele não poderia ter sido mais
completo.
O que isso mostra,
entre outras coisas, é que a restauração, pelo menos entre o pai e o filho,
naquele momento foi completa. Se vermos “a melhor roupa” como o manto da
justiça de Cristo, então tudo que era necessário foi provido naquele momento e
naquele local. O filho pródigo se arrependeu, confessou, e se converteu de seus
caminhos. O pai supriu o restante. Se isso não é um símbolo da salvação, o que
seria?
O que é
fascinante ali, também, é que da parte do pai, não houve censura do tipo “eu
avisei”. Não havia necessidade disso, não é mesmo? O pecado recebe seu próprio
salário. Ao lidar com pessoas que voltam ao Senhor, depois de terem se
afastado, como podemos aprender a não lançar seus pecados diante deles?
As roupas do pai
Ellen G.
White, em Parábolas de Jesus, acrescenta à história um detalhe
interessante, que não é encontrado no próprio texto. Descrevendo a cena do pai
se aproximando do filho enquanto ele humildemente voltava para casa, ela
escreveu: “O pai não permitiu que olhos desdenhosos zombassem da miséria e
vestes esfarrapadas do filho. Tomou de seus próprios ombros o manto amplo e
valioso, e envolveu o corpo combalido do filho. O jovem soluçou seu
arrependimento, dizendo: “Pai, pequei contra o Céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho” (Lc
15:21). O pai tomou-o consigo e o levou para casa. Não lhe foi dada a
oportunidade de pedir a posição do trabalhador. Era um filho que devia ser
honrado com o melhor que a casa podia oferecer, e ser servido e respeitado
pelos criados e criadas.
“Mas o pai disse
aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um
anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no.
Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à
vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar” (Lc 15:22-24, NVI).
6.
Que ideias essa referência nos dá sobre a história como um todo e sobre o
caráter de Deus?
O desejo do pai
era cobrir imediatamente a vergonha dos erros do filho. Que mensagem para nós,
sobre esquecer o passado, e não ficar pensando nos erros cometidos, tanto os
nossos quanto os dos outros! Alguns dos piores pecados não são conhecidos
agora, mas um dia serão (1Co
4:5). Como Paulo, precisamos esquecer o passado e avançar para o que está
diante de nós (Fp
3:13, 14).
7.
Qual era o sentido das palavras do pai, ao dizer que seu filho estava morto e
reviveu? Como essas palavras, tão fortes, devem ser compreendidas? Lc
15:24
No fim, não há
meio-termo nas questões definitivas da salvação. Quando tudo finalmente acabar
(Ap
21:5), e o grande conflito terminar, cada ser humano receberá vida eterna
ou morte. Não há outra opção.
Certamente
precisamos pensar em nossas escolhas diárias, tanto boas quanto más, como fez o
filho pródigo.
Conclusão
Perguntas
para reflexão
1. Que esperança
podemos levar aos que querem deixar o passado para trás e não conseguem, por
causa dos resultados presentes de escolhas do passado?
2. O que dizer dos que “saíram da casa de seu Pai”, por assim dizer, e as coisas estão indo muito bem para eles? Sejamos honestos: nem todos os que deixam o Senhor terminam cuidando de porcos. Alguns acabam sendo proprietários das fazendas de porcos! O que podemos fazer para ajudá-los a entender que, apesar das condições, eles fizeram uma escolha fatal?
2. O que dizer dos que “saíram da casa de seu Pai”, por assim dizer, e as coisas estão indo muito bem para eles? Sejamos honestos: nem todos os que deixam o Senhor terminam cuidando de porcos. Alguns acabam sendo proprietários das fazendas de porcos! O que podemos fazer para ajudá-los a entender que, apesar das condições, eles fizeram uma escolha fatal?
Em Cristo,
Edmilson Santos
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