"Na sua
onisciência, Deus predestinaria um número exato de pessoas para ser condenado e
outro para descansar eternamente? Teria cada homem seu destino traçado?"
Acreditamos que
Deus, na sua onisciência, por meio de leis científicas e
matemáticas,
sabe quantos vão vencer a batalha da fé e terminar triunfantes na eterna glória,
porém, isso nada tem a ver com a predestinação fatalista: Jo 17.5.
No que tange à
predestinação, ela se baseia, em essência, no "conhecimento
anterior"
de Deus, no sentido de que o seu "amor eterno" e preocupação e
interesse pelos crentes é que está em foco. Aqueles sobre quem fixou seu
coração de antemão, portanto, são aqueles que se tornaram o alvo de seu decreto
determinador.
Esse decreto
determinador não é um mero pronunciamento judicial, mas é, sem dúvida,
acompanhado por um poder orientador e criador, através do Espírito Santo, que garante
o cumprimento do propósito de Deus.
O grande alvo da
predestinação é a chamada dos crentes dentro do tempo, e o resultado de ambas
as coisas é a transformação do crente segundo a imagem de Cristo, tanto moral
(no que tange à participação do crente na própria santidade de Deus, tal como
Cristo dela participa), como metafísica (no que convence a natureza essencial
de Cristo).
Não existe, portanto, predestinação para a
condenação.
Por exemplo: O caso do endurecimento
do coração de Faraó, por dez vezes consecutivas, a Bíblia diz que ele mesmo
se endureceu contra a ordem de Deus (Êx 7.13; 8.15,19,32; 9.7,34,35; 13.15; 14.22),
e dez vezes lemos que Deus o endureceu: Êx 4.21; 7.3; 9.12; 10.20,27; 11.10; 14.4,8,17.
Theodoret assim explica o caso: "O sol,
pelo seu calor, torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um, amolecendo
outro, produzindo pela mesma ação resultados contrários. Assim a longanimidade
de Deus faz bem a alguns e mal a outros; alguns são amolecidos e outros
endurecidos". Contudo, cremos que esse amolecimento ou esse endurecimento
vêm daquilo que o homem apresenta a Deus: um coração contrito, ou orgulhoso.
Deus não
endurece o coração de um indivíduo, necessariamente com uma intervenção
sobrenatural; o
endurecimento pode ser produzido pelas experiências normais da vida, operando
através dos princípios e do caráter da natureza humana, que são determinados por
Ele. Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo semelhante desta
forma hebraica de pensamento encontra-se em Marcos 4.12, onde Jesus apresenta sua razão para
ensinar a verdade sob a forma de parábola.
Em outras
palavras, apesar de a Bíblia declarar que Deus predestina para a vida, para a
transformação segundo a imagem de Cristo e para a santidade, isso não quer
dizer que Ele predestine algumas pessoas para a condenação conforme os teólogos
calvinistas mais radicais têm imaginado. Deus predestina segundo a sua
presciência: 1 Pe 1.2.
As Escrituras
denominam tão-somente os crentes de eleitos, chamados, escolhidos e
predestinados, mas sempre relacionados com a sua posição em Cristo, como as
varas na videira. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é:
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo", 2 Co 5...17; "Todo
aquele que crer em Jesus, e pela fé permanece nele tem a vida eterna e não
entrará em condenação", Jo 15; Rm 8.28-30.
O
fatalismo e a predestinação absoluta nunca fizeram parte da doutrina e tradição
apostólica, e são comuns às seitas heréticas que se consideram favoritas da divindade
e responsáveis pelo desinteresse, frustração e miséria de muitos indivíduos, povos
e igrejas.
Analisando
a idéia do destino na linguagem popular, vemos que significa uma forma
sobrenatural indomável e irresistível,
da qual não podemos fugir e que limita a nossa liberdade e vontade.
Por ser uma
maneira muito cômoda de pensar e de agir, é ela perfilhada por várias religiões
e filosofias (fatalismo) e até por confissões religiosas (predestinação absoluta),
mas sem base no ensino das Sagradas Escrituras.
Desde épocas
imemoriais o homem tem tido o hábito de acumular na lembrança, através da sua
agitada existência, pequenos fracassos, desventuras e fatalidades, e com elas
construiu um monstro a que deu o nome de "destino", que compreende
como uma determinação imutável, esquecendo as inúmeras bênçãos, vantagens e
vitórias alcançadas sobre a adversidade.
Sendo o destino
o fim para que tende qualquer ação, o lugar a que se dirige a pessoa ou
objetivo em causa, está ele sujeito às leis espirituais e materiais que regem o
Universo.
Assim, a vida é
composta de bons e maus sucessos, em conformidade com o tempo, o local, o
ambiente, a experiência e a atitude do indivíduo em relação a esses elementos.
Cada homem tem, pois, que procurar, na prática de uma boa consciência, o caminho
da verdade e do dever, sejam quais forem as conseqüências da sua determinação.
Está escrito na
Bíblia que só Deus é realmente bom, não pode ser melhor do que é visto ser a
personificação do Amor: Lc 18.19; 1 Jo 4.8. Como pessoa livre, perfeita e justa,
criou o homem à sua imagem e tomou-se o alvo de toda a dedicação: Gn 1.26,27; Sl
8. Como podia Deus fazer acepção dentre as suas criaturas e determinar-lhes
destinos diferentes, senão aqueles que eles próprios como seres livres e feitos
a semelhança da
mesma divindade,
desejarem de "motu próprio" trilhar? Rm 2.11-16; 10.12-17.
Deus não apenas
seria imperfeito, mas também a encarnação da matéria e
maldade, se nos
induzisse a acreditar no Evangelho para nossa salvação, quando afinal já
determinara que nos havíamos de perder ou salvar.
Portanto, nenhum
homem, grupo ou organização tem privilégios diante de Deus, a não ser aquele
que aceita Jesus como Salvador. Porque Deus não faz acepção de pessoas, e muito
menos predetermina, para certos grupos, um juízo, um destino cruel na eternidade.
Sobre o assunto a Bíblia diz: "Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer
na morte do ímpio mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva: converte
i-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão
morrereis?" Ez 33.11a;
"Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos
de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais", Jr 29.11.
Obs.: Se
porventura este estudo edificou sua vida, não deixe de comentar. Fazendo isto,
estará nos motivando a postar mais estudo deste nível.
Em
Cristo,
Edmilson
Santos
Muito bom o artigo irmão.
ResponderExcluirContinue o trabalho.
Deus abençoe.