Por: Um Servo e Ministro Edmilson Santos
No livro Um Amigo em Necessidade, Selwyn Hughes afirma: “Estou convencido
que ajudar as pessoas com os seus problemas não é só trabalho de pastores e
conselheiros treinados, mas é o trabalho de
todo o cristão, sem ter em conta o nível de sua vida cristã”. Obviamente
algumas pessoas têm problemas profundos que precisam ser enviadas a um
profissional qualificado como um psicólogo ou até mesmo um psiquiatra;
entretanto, para grande número de pessoas ao nosso redor, um ministério de
aconselhamento é uma possibilidade e uma necessidade, e pode vir a ser uma
grande benção, pois o ideal de Jesus é que cada ser humano possa desfrutar de uma
vida abundante (Jo 10.10).
I. UMA COMUNIDADE QUE
SE PREOCUPA COM O SER HUMANO
Uma das ênfases do ensino de Jesus dizia respeito ao valor e
dignidade da pessoa humana. Nos Evangelhos, o ser humano não é visto como uma
coisa, mas como alguém criado por Deus, dotado de vida corpórea e espiritual, e
que foi criado para viver numa situação de dignidade diante de Deus e diante do
próximo. A própria noção da dignidade do homem repousa no fato de ter sido ele
criado à imagem e semelhança de Deus. O ser humano tem um imenso valor para
Deus. No mundo secularizado e materialista em que vivemos, onde as coisas são
amadas e as pessoas são usadas, é necessário ressaltar que a Igreja cristã pode
desempenhar um papel resgatador e construtivo.
Como ressaltei numa lição anterior, de acordo com Jesus, o
ser humano tem o seu valor acima das posses materiais ou das estruturas
religiosas e sociais Falando acerca do cuidado de Deus por cada ser humano: "Mas até os
cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais vaIeis vós
do que muitos passarinhos. (...) Considerai os corvos, que não semeiam nem
ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais
não valeis vós do que as aves!" (Lc 12.7,24). Quando astuciosamente testado pelos fariseus quanto à
cura no dia de sábado, Jesus declarou o valor do ser humano acima das tradições
religiosas: "(...) e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo:
É lícito curar nos sábados? E ele lhes
disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela
cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-Ia? Ora, quanto mais vale um
homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados" (Mt 12.10-12).
Mesmo aqueles que eram considerados social e moralmente
degradados encontravam nas palavras de Jesus a oportunidade sempre presente de
recuperação de sua dignidade diante de Deus e diante dos homens. Havia em Jesus
uma receptividade que atraía os desfavorecidos dentre a sociedade judaica: "Ora,
estando Jesus a mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e
seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o
seguiam" (Mc 2.15; cf Lc
15.1,2).
Ora, se nosso Senhor valorizou e se importou tanto com o ser
humano, qual deve ser o papel da Igreja em geral e de cada cristão em
particular com relação à preocupação com os que sofrem? Obviamente, a única
resposta possível é que a Igreja deve sensibilizar-se com a dor, o sofrimento e
a dúvida do próximo. A esse respeito Selwyn
Hughes afirma: “Um dos propósitos mais sublimes
do Corpo de Cristo é ajudar as pessoas com os seus problemas”. Os
cristãos são repetidamente instruídos a demonstrar o amor através do seu
comportamento (...). A Igreja Cristã conhece mais sobre este assunto do que
qualquer outra entidade na sociedade secular dos nossos dias, mas é lamentável
o fracasso, de séculos, da religião ao tentar por a doutrina em prática. Se
o amor de Deus fluísse através de nós como devia e tocasse nos outros, então os
resultados seriam avassaladores".
II. UMA COMUNIDADE
TERAPÊUTICA
Uma das funções da Igreja é ser uma comunidade onde as
pessoas sejam acolhidas, tratadas, curadas e se tornem prontas para ajudarem
outras pessoas feridas. Barnabé é um dos nomes mais expressivos no NT quanto ao
compromisso com a missão de encorajamento, consolo e cura (Cf. At 9.26,27;
15.36-39). Alguém
já disse que nós somos o único exército que abandona os seus feridos.
Talvez isso seja uma verdade vivida por muitos nas igrejas,que neste momento
sentem se magoados, aflitos, feridos, decepcionados, incompreendidos,
frustrados, confusos, vencidos, etc. e que não estão encontrando na sua igreja a dimensão da terapia
espiritual e emocional.
A igreja, enquanto comunidade terapêutica, precisa
entender que ninguém está isento de conflitos interiores, sofrimento emocional
ou crises devido a problemas e adversidades. A Igreja necessita ser a encarnação da solidariedade e amor
de Jesus, levando ao mundo a Sua proposta de paz: "Tenho-vos dito estas coisas, para que
em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci
o mundo" (Jo 16.33).
A igreja precisa despertar para o fato de que muitos de nós
diante de problemas e dificuldades nos esquecemos de que Deus nos ama; e Ele
nos ama apesar do que somos. O Senhor pode tomar em suas mãos vidas derrotadas e
estragadas e com o seu toque restaurador, transformá-Ias em vidas que o honrem
e que exalem a sua alegria.
Quantos em nossas igrejas estão derrotados, vencidos pelo
pecado, fracos e frios. Portanto, a igreja precisa fazer todo o possível para
que os que sofrem saibam que o Senhor os ama e quer fazer deles um "vaso
novo" para a sua honra, restaurando as suas vidas.
CONCLUSÃO
Gary Collins, no livro Aconselhamento Cristão, afirma que "a fim de ajudar as pessoas,
o aconselhamento busca estimular o desenvolvimento da personalidade; ajudar os
indivíduos a enfrentarem mais eficazmente os problemas da vida, os conflitos
íntimos e as emoções prejudiciais; prover o encorajamento e orientação para
aqueles que tenham perdido alguém ente querido ou estejam sofrendo uma
decepção; e para assistir às pessoas cujo padrão de vida lhes cause frustração
e infelicidade”. Cada igreja deveria ser uma comunidade de cura emocional. Se
não o estamos sendo, que possamos ainda hoje caminhar nesta direção e que em
cada igreja Deus levante conselheiros capazes.
- O que você tem sido como igreja?
- Como você tem tratado o teu próximo?
- As pessoas quando vão até você, se sentem aliviados
emocionalmente ou saem mais doentes?
- O que você tem deixado de ser como igreja?
Pense nisso e fique na paz!
Em Cristo,
Edmilson Santos
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